Renato Francisco
“O projeto é
muito bom porque faz muito tempo que eu não vejo um
computador. Fiquei andando na rua e roubando. Fiquei muito tempo
preso. Lá não tinha Internet. Agora, estou mexendo
aqui. Vou poder desenhar aqui.” Este é o depoimento do jovem
Vítor, que na noite dessa terça-feira, 2 de abril, teve
a oportunidade de ter contato novamente com as novidades da
sociedade, um mundo do qual ele estava afastado até ontem.
Como Vítor, outros jovens também puderam abrir seus
horizontes no lançamento do projeto social “Passaporte da
Cidadania”, que foi realizado na Praça Serzedelo Correia, em
Copacabana, Zona Sul do Rio de Janeiro. O arcebispo da Arquidiocese
do Rio, Dom Orani João Tempesta, abençoou o ônibus
itinerante do projeto, que vai atender crianças e adolescentes
de rua que necessitam de ajuda, principalmente os dependentes
químicos. Segundo o vice-prefeito do Rio, Adilson Pires, o
projeto pode se tornar uma política pública para a
cidade.
O “Ônibus
Digital”, como foi chamado o veículo, permanecerá no
local pelo menos até o dia 17 de abril, funcionando todos os
dias das 16h às 22h. O prazo de permanência do ônibus
em cada lugar será avaliado de acordo com a necessidade da
região. A meta inicial do projeto é ajudar cerca de 200
pessoas e suas famílias.
Dom Orani abriu a
cerimônia de lançamento e destacou que o ônibus
será um sinal de presença junto aos jovens que moram
nas ruas, com a esperança de construção de um
futuro melhor para eles. “É por causa de Jesus Cristo que
estamos aqui. A Igreja procura encontrar a pessoa de Cristo no outro.
Que aqueles que encontraram a pessoa de Cristo façam o bem a
vários ‘cristos’, que são os jovens. Este é
um projeto de promoção da vida humana”, frisou o
arcebispo.
O vice-prefeito do Rio
lembrou que, ao contrário do sentimento de algumas pessoas de
medo e piedade pelos moradores de rua, o sentimento do projeto é
de amor. “A esperança de podermos fazer coisas boas vem pelo
amor, motivado pela fé. Vamos levar ao prefeito a ideia do
projeto como política pública para o Rio”, afirmou
Adilson Pires.
O “Passaporte da
Cidadania” é uma realização da Pastoral do
Menor em parceria com a Secretaria de Ciência e Tecnologia e a
Secretaria de Desenvolvimento Social. A equipe do projeto é
composta por cinco profissionais. O ônibus é dividido em
três espaços: um para filmes, com a exibição
de curtas e longas-metragens com temas sobre o cotidiano dos menores,
como o filme “5X Favela”; outro para jogos, com atividades
lúdicas, e um terceiro para leitura e acesso à
internet, com dez computadores. Na parte externa, há uma tenda
para debate sobre assuntos relacionados à vida dos jovens.
De acordo com o
cartunista Ziraldo, que desenhou a adesivagem do ônibus,
cedendo gentilmente a sua obra, todos os cidadãos do Rio de
Janeiro devem participar ativamente no projeto. “Vamos mostrar para
as crianças que elas são cidadãs. Fico muito
alegre quando vejo iniciativas como esta. Espero que a gente tenha 50
ônibus como esse e, a cada ano, vá diminuindo um ônibus
até que não se precise de mais ônibus nenhum.
Essa é a ideia”, ressaltou o cartunista.
Segundo o responsável
pelo projeto, cônego Manoel Manangão, foi escolhida como
legado social da JMJ o tratamento de jovens com dependência
química porque este já é uma realidade nefasta
na sociedade carioca, estando 30% dos jovens da cidade envolvidos com
as drogas. “Esse projeto do ônibus é muito antigo. Há
uns 11 anos vem sendo pensado. Quando nós começamos a
elaborar o projeto da Jornada Mundial da Juventude, no que diz
respeito ao legado social, percebemos que ele se encaixava dentro de
uma dinâmica do início do projeto, que é o chegar
junto à meninada que está pela rua e começar a
trabalhar com a questão da prevenção e do
tratamento. O acolhimento servirá como porta de entrada para a
rede que estamos montando com todas as entidades católicas. Em
seguida, abriremos espaço para as entidades da sociedade
civil, seja de outras religiões ou do Estado. Com quatro meses
de antecedência, já estamos colocando a Jornada para
funcionar”, destacou o sacerdote.
Além dos órgãos
públicos, o “Passaporte da Cidadania” também tem a
parceria com a Mútua dos Magistrados, a Loterj, a Rio Inclui,
a Wilson Sons e com entidades da Igreja, como Instituição
São Martinho e Instituto AMAR. As entidades serão
responsáveis por buscar os menores nas ruas e levá-los
para o ônibus, pois já fazem esse trabalho nas
instituições de caridade.
Foto: Renato Francisco.
Foto: Renato Francisco.
Parabéns por seu empenho no blog, Renato!
ResponderExcluirObrigado, Gabriela!
ResponderExcluirEsta iniciativa é importante.
ResponderExcluirÉ muito importante mesmo, Sara!
ExcluirNão sabia da Feira Vocacional, gostei bastante de saber. Quero aproveitar ao máximo os eventos da JMJ, e este blog é muito informativo. Parabéns.
ResponderExcluirObrigado, Bianca! Que bom que você gostou de saber! Vamos que vamos rumo à JMJ!
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