quarta-feira, 3 de abril de 2013

Legado social da JMJ, projeto “Passaporte da Cidadania” é lançado no Rio



Renato Francisco

“O projeto é muito bom porque faz muito tempo que eu não vejo um computador. Fiquei andando na rua e roubando. Fiquei muito tempo preso. Lá não tinha Internet. Agora, estou mexendo aqui. Vou poder desenhar aqui.” Este é o depoimento do jovem Vítor, que na noite dessa terça-feira, 2 de abril, teve a oportunidade de ter contato novamente com as novidades da sociedade, um mundo do qual ele estava afastado até ontem. Como Vítor, outros jovens também puderam abrir seus horizontes no lançamento do projeto social “Passaporte da Cidadania”, que foi realizado na Praça Serzedelo Correia, em Copacabana, Zona Sul do Rio de Janeiro. O arcebispo da Arquidiocese do Rio, Dom Orani João Tempesta, abençoou o ônibus itinerante do projeto, que vai atender crianças e adolescentes de rua que necessitam de ajuda, principalmente os dependentes químicos. Segundo o vice-prefeito do Rio, Adilson Pires, o projeto pode se tornar uma política pública para a cidade.
O “Ônibus Digital”, como foi chamado o veículo, permanecerá no local pelo menos até o dia 17 de abril, funcionando todos os dias das 16h às 22h. O prazo de permanência do ônibus em cada lugar será avaliado de acordo com a necessidade da região. A meta inicial do projeto é ajudar cerca de 200 pessoas e suas famílias.
Dom Orani abriu a cerimônia de lançamento e destacou que o ônibus será um sinal de presença junto aos jovens que moram nas ruas, com a esperança de construção de um futuro melhor para eles. “É por causa de Jesus Cristo que estamos aqui. A Igreja procura encontrar a pessoa de Cristo no outro. Que aqueles que encontraram a pessoa de Cristo façam o bem a vários ‘cristos’, que são os jovens. Este é um projeto de promoção da vida humana”, frisou o arcebispo.
O vice-prefeito do Rio lembrou que, ao contrário do sentimento de algumas pessoas de medo e piedade pelos moradores de rua, o sentimento do projeto é de amor. “A esperança de podermos fazer coisas boas vem pelo amor, motivado pela fé. Vamos levar ao prefeito a ideia do projeto como política pública para o Rio”, afirmou Adilson Pires.
O “Passaporte da Cidadania” é uma realização da Pastoral do Menor em parceria com a Secretaria de Ciência e Tecnologia e a Secretaria de Desenvolvimento Social. A equipe do projeto é composta por cinco profissionais. O ônibus é dividido em três espaços: um para filmes, com a exibição de curtas e longas-metragens com temas sobre o cotidiano dos menores, como o filme “5X Favela”; outro para jogos, com atividades lúdicas, e um terceiro para leitura e acesso à internet, com dez computadores. Na parte externa, há uma tenda para debate sobre assuntos relacionados à vida dos jovens.
De acordo com o cartunista Ziraldo, que desenhou a adesivagem do ônibus, cedendo gentilmente a sua obra, todos os cidadãos do Rio de Janeiro devem participar ativamente no projeto. “Vamos mostrar para as crianças que elas são cidadãs. Fico muito alegre quando vejo iniciativas como esta. Espero que a gente tenha 50 ônibus como esse e, a cada ano, vá diminuindo um ônibus até que não se precise de mais ônibus nenhum. Essa é a ideia”, ressaltou o cartunista.
Segundo o responsável pelo projeto, cônego Manoel Manangão, foi escolhida como legado social da JMJ o tratamento de jovens com dependência química porque este já é uma realidade nefasta na sociedade carioca, estando 30% dos jovens da cidade envolvidos com as drogas. “Esse projeto do ônibus é muito antigo. Há uns 11 anos vem sendo pensado. Quando nós começamos a elaborar o projeto da Jornada Mundial da Juventude, no que diz respeito ao legado social, percebemos que ele se encaixava dentro de uma dinâmica do início do projeto, que é o chegar junto à meninada que está pela rua e começar a trabalhar com a questão da prevenção e do tratamento. O acolhimento servirá como porta de entrada para a rede que estamos montando com todas as entidades católicas. Em seguida, abriremos espaço para as entidades da sociedade civil, seja de outras religiões ou do Estado. Com quatro meses de antecedência, já estamos colocando a Jornada para funcionar”, destacou o sacerdote.
Além dos órgãos públicos, o “Passaporte da Cidadania” também tem a parceria com a Mútua dos Magistrados, a Loterj, a Rio Inclui, a Wilson Sons e com entidades da Igreja, como Instituição São Martinho e Instituto AMAR. As entidades serão responsáveis por buscar os menores nas ruas e levá-los para o ônibus, pois já fazem esse trabalho nas instituições de caridade.

Foto: Renato Francisco.

6 comentários:

  1. Parabéns por seu empenho no blog, Renato!

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  2. Não sabia da Feira Vocacional, gostei bastante de saber. Quero aproveitar ao máximo os eventos da JMJ, e este blog é muito informativo. Parabéns.

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    1. Obrigado, Bianca! Que bom que você gostou de saber! Vamos que vamos rumo à JMJ!

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