Mais uma grande produção já está sendo preparada para o
Festival da Juventude da JMJ Rio2013: o musical “Enlace – A Loja do Ourives”,
uma adaptação do texto “A Loja do Ourives” escrito pelo Beato João Paulo II, em
1960, quando ele ainda era bispo da Cracóvia, na Polônia. Ao longo desta
semana, foram realizadas as audições para o musical com o núcleo principal e os
artistas voluntários. O núcleo principal, formado por atores conhecidos na dramaturgia
brasileira, fez a leitura do texto na noite dessa quarta-feira, 24 de abril, no
Edifício João Paulo II, na Arquidiocese do Rio. A seleção de artistas
voluntários aconteceu ao longo da semana, com audições de canto, dança e
interpretação. No Rio de Janeiro, a peça, que é repleta de valores humanos, vai
estreiar no dia 4 de julho, no Centro Cultural João Nogueira, no Méier. Na
semana da JMJ, algumas vagas serão abertas gratuitamente para os peregrinos da
Jornada.
Escrita quando Karol Wojtyla tinha 40 anos de idade, a
história vai além da temática religiosa e faz uma reflexão sobre os
relacionamentos humanos. O tema do musical é o amor entre o homem e a mulher,
em diversas formas e intensidades, com encantos e desencantos, união e
separação, esperança e medo. É caracterizado como um drama bem humorado, que
conta três histórias românticas de uma geração de três mulheres (mãe, filha e
neta) e se passa nos anos 30, 60 e 80. A peça, que se passa em dois atos,
também mostra momentos importantes da História da humanidade vividos na Polônia
entre os anos de 1939 e 1989.
A peça já passou por São Paulo no ano passado e teve uma
temporada de sucesso. Segundo o diretor geral do musical, Jô Santana, o elenco
está muito feliz para interpretar o texto de João Paulo II no Rio de Janeiro,
sede da JMJ. “Ele deixou um texto lindo que fala de amor, compaixão e
generosidade. O mundo está precisando disso. E é tudo o que o jovem está
buscando”, destacou.
Ao todo, foram 1600 inscrições de voluntários para a peça.
Deste número de inscritos, após o processo de seleção, foram escolhidos cerca
de 20 voluntários que irão compor o elenco. Segundo o diretor artístico,
Roberto Lage, os artistas voluntários vão interpretar, principalmente, os
personagens jovens e o coro, “que são os que vão dar corpo ao espetáculo e que
são eventuais substitutos do pessoal da linha”. Lage também destacou que o
espetáculo já passou por um crivo da experiência de São Paulo, onde o resultado
foi positivo. “A plateia sempre reagiu muito bem ao espetáculo, que é engraçado
e emocionante e trata de temas muito significativos no mundo de hoje, como a
fraternidade e a ética. São questões fundamentais de a gente trazer para o
público hoje porque elas estão sendo abandonadas e transgredidas. Acredito que
aqui será uma temporada de sucesso como foi em São Paulo”, evidenciou.
Texto de João Paulo II foi descoberto por uma das produtoras
do musical
Quem primeiro idealizou a montagem da peça foi Maria de
Lourdes Muniz. A idealizadora conta que tudo começou quando o papa João Paulo
II veio pela primeira vez ao Brasil, em 1980. Ela ouviu no rádio que ele havia
sido ator e tinha escrito uma peça sobre o amor. Então, foi atrás dos direitos
da peça para produzi-la. Para sua supresa, Lourdes encontrou o texto traduzido
e editado em português. Segundo ela, após o tratamento de um câncer de mama,
ela teve a felicidade de conseguir as autorizações.
“O arcebispo na época, Dom Paulo Evaristo, deu toda acolhida
ao projeto. Dom Evaristo me encaminhou para o padre Galache, e começaram as
cartas para o Vaticano. Eu tive um câncer de mama. O oncologista que cuidou de
mim quis conhecer a peça e comentar. Um dia ele falou para mim que tinha uma
pessoa em Roma que poderia me ajudar. Era o abade geral da congregação dos
cônegos regulares lateranenses, Dom Bruno Giuliani, que foi quem conseguiu
todas as autorizações. E tive a felicidade de encontrar toda essa equipe de
primeira linha da peça”, explicou.
Lourdes também destacou que é maravilhoso ter a peça nos
eventos da JMJ. “É a pela de um Papa que fundou a Jornada e foi considerado o
papa dos jovens e o papa das famílias e que fala de amor. A peça é muito atual.
Foi atual quando ele escreveu, vale hoje e vai continuar valendo a vida
inteira”, disse.
A adaptação do texto foi feita pelo dramaturgo Elísio Lopes.
Segundo ele, o trabalho de adaptação foi trazer a poética que João Paulo II
propõe no livro original para o universo atual. “A estrutura do texto não é um
musical. O meu trabalho de adaptação foi pegar a essência da dramaturgia que o
papa propõe. A gente incluiu a questão do humor, a estrutura musical e um
universo de personagens, que entraram para ajudar a contar a história das três
mulheres. Mas, a essência das três personagens continua”, frisou.
Toda a trilha da peça foi feita pelo produtor musical Thiago
Gimenes. De acordo com ele, foram necessários dois meses de composição das
músicas. “Foi o tempo de conhecer os personagens, conhecer as pessoas e começar
a ajudar a criar essa dramaturgia em cima das personalidades de cada um dos
personagens. A peça é divertidíssima, e o som tem uma cara de anos 20, passa
pelos anos 40, mas tem muita coisa pop e soul”, disse.
Entre os atores do núcleo principal, está a atriz Cláudia
Ohana, que faz a protagonista da peça. Segundo ela, a peça tem uma forte
presença da questão do casamento e do amor verdadeiro. “Minha personagem é
muito sincera, verdadeira, honesta e romântica, até os 75 anos de idade. Tem um
algo moderno na peça, com gerações e gerações que passam”, afirmou.
O ator Jayme Periard faz o personagem do ourives, que,
segundo ele, seria um “alter ego do papa”. “É um ourives que vai passando por
várias épocas e entrando em contato com todas as histórias de amor. Então, ele
vai comentando, costurando e participando. O musical é muito bem escrito e as
músicas são lindas. Há uma qualidade teatral. E o amor é um tema universal e
eterno. Não tem como não tocar as pessoas”, afirmou.
Antes de vir para o Rio, a peça estará em cartaz nos dias 6
e 7 de junho, no Teatro UFPE, em Recife, e de 12 a 16 de junho no Teatro Via
Sul, em Fortaleza.
Fotos: Renato Francisco.